quinta-feira, 3 de maio de 2012

Perdidos com Murphy


É incrível ver a minha evolução dentro de Toronto. Já consigo andar nessa cidade como se ela realmente fosse minha, ou pelo menos imagino que posso. Economizar tempo, pegar atalhos, conhecer três ou quatro caminhos que podem me levar para o mesmo lugar e ficar boquiaberto quando percebo que as pessoas estão perdidas, me fazem sentir isso.

Claro que nem sempre foi assim, e que eu precisei, antes, aprender a falar inglês e gravar o mapa na minha cabeça. Conhecer os pontos cardeais e decorar que o East é para direita e o West é para esquerda também facilitou um bocado.

Na primeira semana na cidade, quando ainda estava de ‘férias’ e hospedado num Apart-hotel, resolvi, junto com meu Tio Nivaldo, conhecer o caminho da nossa futura Homestay. Fomos depois da aula, na cara e na coragem, com uma única informação na mão: Keele Station!

Ignorando todos os comandos e vendo um mapa muito mal feito, andamos sem rumo. Perguntamos para o primeiro cara que apareceu na nossa frente e ele disse que precisaríamos pegar um ônibus. Pegamos o primeiro que passou. E claro, como previsto por Murphy, foi o errado.

Lembro, até hoje, de encontrar com uma menina que eu sabia que conhecia de algum lugar, mas ainda não sabia de onde. Ainda me lembro da cara da Karol. Era uma menina branca, cabelo liso e usava óculos. Fui falar com ela, mas como Murphy sempre diz que nada está tão ruim que não possa piorar, o ônibus chegou à parada dela dois segundos depois que eu cheguei nela. Continuamos no ônibus, e um garoto latino da minha escola, me chamou e disse que poderia me ajudar. Tentou, mas não conseguiu!

Descemos do ônibus e resolvemos perguntar na rua. Meu tio estava assustado e começado a ficar puto, querendo voltar pro Apart e desistir de tudo. Eu estava adorando a aventura e comecei a incentivar a busca.

Paramos um senhor bem baixinho, pouco mais alto que minha cintura. Perguntamos qualquer coisa para ele e mostramos o papel. Ficou claro onde queríamos chegar. Esse senhor é uma das milhares de pessoas que param o que estão fazendo para ajudar quem está perdido, e aqui no Canadá está cheio delas.

Ele pegou o papel, se dirigiu até o carro da policia e começou a falar qualquer coisa com o Policial. Mas, ainda fazendo referencia a Murphy, o que nós não sabíamos é que o nome da rua estava errado. Iriamos morar na Bertram Street, mas no mapa o nome da nossa rua estava com N e não com M. Esse erro impedia o Policial, que tinha cheiro de donuts, encontrar nossa casa no GPS. O Policial disse que não poderia informar exatamente, mas que provavelmente deveríamos voltar para Keele Street.

Já no final da tarde, enquanto meu tio esbravejava e só pensava em descobrir o caminho de volta para casa, pegamos um outro ônibus. Ficamos no cruzamento da Keele com a Eglinton e perguntamos para outra boa alma como fazer para chegar à maldita casa. E não tenham dúvidas de que Murphy também estava agindo por lá. O celular do cara, um iPhone qualquer coisa, descarregou bem na hora que ele ligou o GPS e ele só conseguiu ver que era pro norte. Essa informação já era ouro, pois já sabíamos que ônibus pegar.

Esperamos algum tempo na parada, mas não muito. Já estava escurecendo quando entramos no ônibus, e quando eu perguntei ao motorista se o lugar que eu precisava ir era longe, ele disse que era tão perto que eu nem precisava pegar aquele ônibus lotado. Caminhamos aproximadamente 10 minutos e encontramos, finalmente, nossa casa. Era feia, numa vizinhança feia e num lugar longe. Ficamos parados 2 minutos na frente da casa, demos meia volta e fomos ao Apart jantar. 


Um comentário:

Me acompanha nessa viagem?