É incrível ver a minha evolução
dentro de Toronto. Já consigo andar nessa cidade como se ela realmente fosse
minha, ou pelo menos imagino que posso. Economizar tempo, pegar atalhos,
conhecer três ou quatro caminhos que podem me levar para o mesmo lugar e ficar
boquiaberto quando percebo que as pessoas estão perdidas, me fazem sentir isso.
Claro que nem sempre foi assim, e
que eu precisei, antes, aprender a falar inglês e gravar o mapa na minha
cabeça. Conhecer os pontos cardeais e decorar que o East é para direita e o West é
para esquerda também facilitou um bocado.
Na primeira semana na cidade,
quando ainda estava de ‘férias’ e hospedado num Apart-hotel, resolvi, junto com
meu Tio Nivaldo, conhecer o caminho da nossa futura Homestay. Fomos depois da
aula, na cara e na coragem, com uma única informação na mão: Keele Station!
Ignorando todos os comandos e
vendo um mapa muito mal feito, andamos sem rumo. Perguntamos para o primeiro
cara que apareceu na nossa frente e ele disse que precisaríamos pegar um
ônibus. Pegamos o primeiro que passou. E claro, como previsto por Murphy, foi o
errado.
Lembro, até hoje, de encontrar
com uma menina que eu sabia que conhecia de algum lugar, mas ainda não sabia de
onde. Ainda me lembro da cara da Karol. Era uma menina branca, cabelo liso e
usava óculos. Fui falar com ela, mas como Murphy sempre diz que nada está tão
ruim que não possa piorar, o ônibus chegou à parada dela dois segundos depois
que eu cheguei nela. Continuamos no ônibus, e um garoto latino da minha escola,
me chamou e disse que poderia me ajudar. Tentou, mas não conseguiu!
Descemos do ônibus e resolvemos
perguntar na rua. Meu tio estava assustado e começado a ficar puto, querendo
voltar pro Apart e desistir de tudo. Eu estava adorando a aventura e comecei a
incentivar a busca.
Paramos um senhor bem baixinho,
pouco mais alto que minha cintura. Perguntamos qualquer coisa para ele e
mostramos o papel. Ficou claro onde queríamos chegar. Esse senhor é uma das
milhares de pessoas que param o que estão fazendo para ajudar quem está perdido,
e aqui no Canadá está cheio delas.
Ele pegou o papel, se dirigiu até
o carro da policia e começou a falar qualquer coisa com o Policial. Mas, ainda
fazendo referencia a Murphy, o que nós não sabíamos é que o nome da rua estava
errado. Iriamos morar na Bertram Street, mas no mapa o nome da nossa rua estava
com N e não com M. Esse erro impedia o Policial, que tinha cheiro de donuts,
encontrar nossa casa no GPS. O Policial disse que não poderia informar
exatamente, mas que provavelmente deveríamos voltar para Keele Street.
Já no final da tarde, enquanto
meu tio esbravejava e só pensava em descobrir o caminho de volta para casa,
pegamos um outro ônibus. Ficamos no cruzamento da Keele com a Eglinton e
perguntamos para outra boa alma como fazer para chegar à maldita casa. E não
tenham dúvidas de que Murphy também estava agindo por lá. O celular do cara, um
iPhone qualquer coisa, descarregou bem na hora que ele ligou o GPS e ele só
conseguiu ver que era pro norte. Essa informação já era ouro, pois já sabíamos que
ônibus pegar.
Esperamos algum tempo na parada,
mas não muito. Já estava escurecendo quando entramos no ônibus, e quando eu
perguntei ao motorista se o lugar que eu precisava ir era longe, ele disse que
era tão perto que eu nem precisava pegar aquele ônibus lotado. Caminhamos
aproximadamente 10 minutos e encontramos, finalmente, nossa casa. Era feia,
numa vizinhança feia e num lugar longe. Ficamos parados 2 minutos na frente da
casa, demos meia volta e fomos ao Apart jantar.
policial com cheiro de donuts hahahahaha
ResponderExcluir